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“O medo ameaça. Se você ama, terá AIDS. Se fuma, terá câncer. Se respira, terá contaminação. Se bebe, terá acidentes. Se come, terá colesterol. Se fala, terá desemprego. Se caminha, terá violência. Se pensa, terá angústia. Se duvida, terá loucura. Se sente, terá solidão”. Eduardo Galeano

O medo sempre será um sentimento necessário. Às vezes, até mesmo um mal necessário. Sentir medo é o mesmo que estar diante de seu próprio abismo. Nietzsche, nos seus aforismos filosóficos, dizia que o abismo nos chama toda vez que olhamos para ele.

Mas olhar para o abismo depende do quanto somos capazes de suportar a angústia inoportuna do medo. São palavras que nos ameaçam, fantasias que nos proíbem ou até mesmo obsessões que nos paralisam. O medo ameaça, impõe obstáculos ao nosso desejo, cria o cenário mais trágico possível para a vida.

Se sinto, tenho solidão, se como, terei colesterol. O medo é o ruído impertinente que levanta o sinal de alerta, que aponta para a culpa e para as consequências. Se tenho a lucidez necessária para enfrentá-lo, talvez seja possível compreender seu lugar e sua função em nossa vida.

O desejo só é desejo se colocado diante da realidade, da esperança de sua realização. O medo só tem sentido de existir quando a experiência do desejo encontra na realidade o caminho para sua satisfação. Quantas vezes nos calamos para permanecer no emprego, comemos o “adequado” para não termos colesterol alto, evitamos sentir por causa do medo de encarar o desamparo e a solidão?

Na psicoterapia, o medo é geralmente visto como a maior das ameaças, pois, quando falamos de nossos sofrimentos, nos deparamos com a terrível angústia de admitir a impotência frente ao medo. A primeira reação é anulá-lo, reprimi-lo, soterrá-lo de forma a permitir um alívio superficial.

Na terapia, o sujeito é convidado a falar sem se preocupar com qualquer julgamento ou crítica. O psicoterapeuta legitima seu paciente a não perceber o medo como uma ameaça e sim como um aliado, como uma parte importante do trabalho de amadurecimento.

Assim, o indivíduo prefere o senso crítico, a consciência dos desafios e, principalmente, a grandeza existente no desejo de escolha.

Prof. Dr. Rodrigo Otávio Fonseca


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Somos formados por uma complexa rede de espelhos e refletores.

Contudo, é mais do que simplesmente olhar-se no espelho. É ser visto por outra pessoa, que pode enxergar mais do que o que nós vemos no reflexo, pois ela pode explorar mais ângulos para a observação, mais pontos de vista.

Nesse jogo, a imagem do outro se inscreve em nós e a nossa imagem se inscreve nele. Isso significa que a forma como o outro nos “enxerga” é muito importante. E, ultimamente, esse “olhar” ganhou ainda mais relevância.

Entra aí a expectativa de aceitação pelo outro, o que está atrelado ao pertencimento (a um certo grupo) e à fuga do desamparo.

Assim, em meio a esse anteparo de espelhos, buscamos uma conjunção entre as imagens. Esperamos uma correspondência vinda de outro lugar, isto é, de outra pessoa.

Essa expectativa é essencial na busca por sentido, pois o reconhecimento é o ato inicialmente imaginário (por isso, especular) e, posteriormente, simbólico que nos permite estabelecer relações com o outro. Por meio delas, tecemos as diversas formas de compreensão do nosso desejo.

Também é importante ressaltar que a forma como vemos o outro e ele nos vê provoca mudanças, tanto em nós quanto nele. Cada feedback (e até a ausência dele) pode desencadear uma série de reações.

Passamos a ser como esperamos que seja agradável a quem nos vê. Acreditamos que o reconhecimento amplia os horizontes das nossas realizações.

Ocorre que, em função dos vários papeis sociais que desempenhamos (pois somos, ao mesmo tempo, filhos, irmãos, profissionais, colegas de trabalho, amigos, vizinhos etc.), também nos deparamos com as várias expectativas que nossos pais, chefes, amigos etc. têm em relação a nós.

Atender todas essas expectativas, sendo um bom filho, um funcionário exemplar, um amigo confiável, enfim, atuar para ser aceito por todos pode se tornar um fardo pesado demais. Muitos se perdem de si mesmos nesse emaranhado de espelhos. A solução seria deixar de lado a busca por aceitação, pelo reconhecimento que nos faz estabelecer relações com os outros?

Quando buscamos negar tal reconhecimento, o que podia parecer sadio e geralmente é feito ao se evitar a presença do outro e, consequentemente, a influência que o outro exerce em nós, o reconhecimento se converte no seu negativo: o desconhecimento.

Estar nessa condição, de um sujeito que desconhece o outro, traz à tona sentimentos como a arrogância, em que somente nossos feitos são capazes de ser ostentados e admirados.

Então, é possível experimentarmos a onipotência, sentimento baseado no controle e no domínio do outro, e a onisciência, sentimento ligado ao “tudo saber”.

Mas, ao irmos na direção contrária e entrarmos no terreno do desconhecimento, damos o passo mais curto para o isolamento e o ostracismo. Definitivamente, esse caminho não é a melhor escolha.

Ao mesmo tempo, nesse mundo ambíguo, difuso e, muitas vezes, caótico, é um verdadeiro desafio manter-se na busca pelo reconhecimento sem deixar que a opinião alheia seja a força motriz da sua vida. Encontrar o ponto de equilíbrio é a verdadeira solução.

Prof. Dr. Rodrigo Otávio Fonseca


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Estar em processo de psicoterapia requer coragem. Nele, duas pessoas se dispõem a ficar frente a frente para se conhecerem, e assim, iniciarem um longo caminho de encontros e desencontros.

É importante ressaltar que, nesse processo, o falar é a principal forma de expressão do sofrimento psíquico. A cada fala, o paciente busca sua verdade, ou seja, a experiência emocional de contato consigo mesmo em seus desejos, seus ódios e suas angústias.

Muitas vezes, as pessoas acreditam que a psicoterapia será apenas fonte de um alívio imediato para suas dores emergenciais e, desse modo, tudo ficará rapidamente organizado, como uma espécie de cura milagrosa.

Alguns chamam tal desejo de Furor Curandis, o desejo excessivo pela cura. Mas, na prática clínica, em cada sessão, em cada encontro, a principal bússola para o paciente e para o terapeuta é, sem dúvida, a angústia. Por meio dela, emergem todos os afetos e as turbulências emocionais que movem o sofrimento do paciente. O terapeuta, atento e empático, acolhe, escuta e auxilia.

Nessa etapa do processo terapêutico, a frustração representa um sentimento muito específico e essencial ao tratamento. Os angustiados, principalmente ao falarem de questões mais profundas, acionam mecanismos de defesas muito poderosos.

Esses mecanismos muitas vezes emergem inconscientemente e têm a função de impedir que, por meio da fala, o indivíduo continue a se frustrar diante de tanto mal estar. É comum o pensamento de que nada irá evoluir no tratamento e, que na verdade, o paciente está preso em um ciclo em que repete os mesmos problemas sem uma “solução eficaz”.

A frustração pode ser considerada o lado negativo de uma expectativa de satisfação, de resolução da angústia. Enquanto buscamos a realização dos desejos por meio de uma felicidade idealizada, desprezamos os efeitos benéficos da frustração.

Como diria o filósofo Luiz Felipe Pondé, “Confundimos a ideia de que sofrer é ruim com a ideia de que eliminar o sofrimento é saudável. O resultado é que o amadurecimento, filho direto da dor, da frustração e da tristeza, desaparece”.

Assim, a psicoterapia é um processo cujo principal objetivo é fazer com que o paciente busque seu ponto de amadurecimento psíquico e seja capaz de lidar, com sabedoria, com suas dores, angústias e frustrações, e faça isso sem evitá-las, justificá-las ou, até mesmo, sacrificá-las.


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