Não existe situação mais angustiante do que estar diante de outra pessoa e do desejo dela pela morte.
A sensação de impotência diante desse desejo alheio nos coloca na iminência constante da perda de alguém significativo em nossas vidas. Alguém que vê na morte o único recurso para por fim a um sofrimento insuportável.
Para aqueles que estão nesta situação, cabe o conselho de não recuarem frente à sensação de impotência. É importante acreditarem que podem ajudar e salvar o outro, que podem livrá-lo das tramas do pensamento suicida.
Existem muitos mitos em torno do suicídio que precisam ser quebrados. Em toda experiência como essa, existe um sofrimento mental que deve ser tratado, um sofrimento marcado por um desejo confuso de ceifar a vida como última alternativa.
Em muitos casos, isso altera radicalmente a forma como o sujeito percebe a realidade e nada tem a ver com uma necessidade de chamar a atenção dos familiares. Quando sofremos de maneira intensa e dolorosa, mostramos os sinais, apontamos nossas ideias, buscamos desesperadamente um diálogo.
É preciso ter sensibilidade na presença do outro para perceber o pedido de socorro, para notar que muitas das melhoras repentinas podem ser sinais perigosos e disfarçados de algo pior.
E o mais importante: falar sobre suicídio não aumenta os riscos de ampliar a incidência de casos. É por meio de conversas a esse respeito que muitas angústias e pensamentos podem ganhar outro sentido.
É preciso vencer o medo da morte de quem amamos para que possamos buscar o melhor caminho para reconstruirmos o significado da vida: da vida do outro (que precisa da nossa ajuda) e da nossa.
Prof. Dr. Rodrigo Otávio Fonseca